
Festa de São Francisco de Assis
Ego stigmata Domini Iesu in corpore meo porto — “Eu trago em meu corpo os estigmas do Senhor Jesus” (Gl 6, 17)
Sumário. Posto que São Francisco fosse adornado de todas as virtudes cristãs, a sua virtude característica contudo foi o seu ardente e entranhado amor para com Jesus Cristo. Pelo que mereceu que Jesus Cristo lhe imprimisse os santos estigmas, e que tanto ele como a sua ordem fossem distinguidos pelo mundo todo com o título de Seráfico. Se quisermos que em nós também se acenda esta bela chama do amor, procuremos, à imitação do santo, viver desapegados dos bens terrestres e sobretudo estudar todos os dias no grande livro que é o Crucifixo.
I. Contempla as sublimes virtudes que ornaram a vida deste grande Patriarca. A Providência que o destinou a ser uma cópia viva do divino Redentor, dispôs que, semelhante nisto a Jesus fosse amantíssimo da pobreza. Dali nasceu no santo a sua extrema devoção ao mistério da Encarnação; e é opinião comum que foi ele quem primeiro introduziu o uso de se armarem Presépios na festa do Natal.
Quando jovem e destinado ao comércio, fazia tão largas esmolas, que o pai econômico o obrigou a renunciar à sua herança; e o santo ficou extremamente contente com isso, porque, como dizia, poderia desde então com mais confiança chamar Deus seu Pai. Dali por diante viveu sempre pobre, não quis mais outra companhia senão a de pobres e experimentou todos os incômodos que a pobreza traz consigo. Não foi menor a sua penitência, que o fez inventar mil modos de afligir o seu corpo e fazer-se imagem viva de Jesus crucificado. A sua humildade foi tal que pôde fazer suas as palavras do Apóstolo:
“Eu sou feito como um néscio por amor de Jesus Cristo… como a imundície do mundo e a escória de todos” (1).
A virtude característica, porém, de São Francisco, que foi a motriz de todas as outras, é o seu entranhado amor para com Deus; amor este que o santo aprendeu pelo estudo contínuo que fazia no grande livro do Crucifixo. Regozija-te com o santo e agradece a Deus o tê-lo enriquecido com tão sublimes virtudes. E como São Francisco continua a viver nos seus filhos, pede ao Senhor aumente o seu número e lhes conserve o bom espírito.
II. Considera como aprouve a Deus recompensar, mesmo na terra, as exímias virtudes de São Francisco. Recompensou-lhe a devoção à Santíssima Virgem, concedendo-lhe por meio dela graças mui assinaladas, e especialmente a indulgência chamada da Porciúncula. Recompensou- lhe o desapego dos parentes, fazendo-o pai de uma geração de santos de todas as idades e condições: mártires, pontífices , doutores, confessores, virgens e viúvas. Recompensou-lhe a pobreza, provendo sempre ao seu sustento e ao dos seus filhos, de modo que podem dizer:
Nihil habentes, et omnia possidentes (2) — “Não tendo nada, e possuindo tudo”
Em recompensa das penitências, comunicou-lhe o seu poder divino sobre as doenças, os elementos e a mesma morte, obrando por intermédio de Francisco contínuos milagres. Em recompensa da humildade, exaltou-o diante dos grandes do mundo e deu-lhe no céu um trono muito excelente.
A recompensa, porém, mais insigne foi dada por Deus ao amor que o santo lhe teve: imprimiu-lhe os santos estigmas, que o fizeram cópia viva de Jesus crucificado; conferiu, tanto ao santo como à sua ordem, o título glorioso de Seráfico; finalmente, deixou-o morrer todo consumido pelas chamas do amor, num dia de Sábado. Se quiseres ter parte nestas recompensas de São Francisco, e particularmente na última, cuida em lhe imitar as virtudes, e para este fim recomenda-te ao Senhor pela intercessão do santo.
“Ó Deus, que dais um novo brilho à vossa Igreja multiplicando os filhos do vosso glorioso servo São Francisco, concedei-me a graça de, a seu exemplo, desprezar sempre os bens da terra e obter os bens da bem-aventurança eterna” (3). Fazei-o pelos merecimentos de Jesus Cristo e pela intercessão da minha querida Mãe, Maria.
Referências: (1) 1 Cor 4, 10. (2) 2 Cor 6, 10. (3) Or. festi.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano Eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 372-374)
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Maria Santíssima é a esperança de todos
In me omnis spes vitae et virtutis – “Em mim há toda a esperança da vida e da virtude” (eclo 24, 25)
Sumário. O Rei do céu deseja sumamente enriquecer-nos das suas graças; mas como da nossa parte é necessária a confiança, afim de aumentá-la em nós, nos deu por Mãe e Advogada a sua própria Mãe, a quem deu todo o poder para nos ajudar. Por isso quer o Senhor que nela ponhamos a esperança de nossa salvação e de todo o nosso bem. Qual não deve, pois, ser nossa gratidão para com a bondade divina! Qual a confiança que devemos ter em Maria!
I. De dois modos, diz Santo Tomás, podemos por a nossa esperança numa pessoa: como causa principal, ou como causa intermediária. Quem espera alguma graça do rei, espera alcançá-la do rei como senhor; ou espera alcançá-la do seu ministro ou válido, como intercessor. Se consegue a graça, consegue-a principalmente do rei, mas por intermédio do ministro. Pelo que, quem pretende obter a graça, tem razão de chamar àquele intercessor a sua esperança.
O Rei do céu, por ser a bondade infinita, deseja sumamente enriquecer-nos de suas graças; mas como da nossa parte é necessária a confiança, e com o fim de aumentá-la em nós, deu-nos por Mãe e Advogada sua própria Mãe, a quem deu todo o poder para nos ajudar. Por isso quer que ponhamos nela a esperança de nossa salvação e de todo o nosso bem. – Aqueles que põem a sua esperança unicamente nas criaturas, independentemente de Deus, são sem dúvida amaldiçoados de Deus, como diz Isaías (1). Mas aqueles que esperam em Maria, como Mãe de Deus, poderosa para lhes alcançar as graças e a vida eterna, são bem-aventurados e agradam ao Coração de Deus, que assim quer ver honrada a excelsa criatura que mais que todos os homens e anjos o amou e honrou neste mundo.
É, pois, com razão que chamamos à Virgem a nossa esperança, esperando alcançar por sua intercessão o que não alcançaríamos só com as nossas orações. Oh, quantos soberbos, com a devoção a Maria, acharam a humildade! Quantos iracundos a mansidão! Quantos cegos a vista! Quantos desesperados a confiança! Quantos perdidos a salvação! Numa palavra, afirma Santo Antônio que todo verdadeiro devoto de Maria pode dizer: Venernunt mihiomnia bona pariter cum illa – “Com a devoção a Maria vieram-me juntamente todos os bens” (2).
II. É com razão que a santa Igreja aplica a Maria as palavras do Eclesiástico, chamando-a Mãe da santa esperança, Mater sanctae spei; e quer que quotidianamente todos os eclesiásticos e todos os religiosos, na egrégia oração da Salve Rainha, levantem a voz e em nome de todos os fiéis invoquem e chamem a Maria com este doce nome de esperança nossa. – Tu também, meu irmão, seja qual for o teu estado, põe toda a tua confiança nesta Mãe amorosíssima e dize-lhe frequentemente: Spes nostra, salve – “Esperança nossa, salve!”.
Ó Mãe do santo amor, sabeis que, não contente de se fazer nosso perpétuo advogado junto do Pai Eterno, Jesus Cristo vosso Filho quer ainda que vós mesma intercedais junto dele, para nos obter as divinas misericórdias. Decretou que vossas orações nos ajudariam a salvar, e lhes deu tanta eficácia que são sempre atendidas. Dirijo-me então a vós, ó esperança dos miseráveis. Pelos merecimentos de Jesus Cristo e por vossa intercessão espero salvar minha alma. Tal é minha esperança, e tão longe vai que, se minha salvação eterna estivesse nas minhas mãos, logo iria depô-la nas vossas, porque mais me fio de vossa misericórdia e proteção que em todas as minhas obras.
Ó minha mãe e minha esperança, não me desampareis, como o merecia. Confesso que, assaz de vezes, meus pecados puseram obstáculo às luzes e aos socorros que me obtínheis de Deus. Mas vossa compaixão para com os miseráveis e vosso poder junto de Deus transcendem o número e a malícia de minhas iniquidades. O céu e a terra sabem que não é possível se perca quem é vosso protegido. Esqueçam-se, pois, de mim todas as criaturas, mas vós nunca. Dizei a Deus que sou vosso servo, dizei-lhe que tomais minha defesa, e salvo serei. – Ó Maria, confio-me a vós; e na vida e na morte proclamarei sempre que sois toda a minha esperança depois de Jesus. Nesta esperança quero viver e morrer.
Referências:
(1) Is 30, 2 (2) Sb 7, 11
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 113-115)
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