
Festa de Santo Afonso Maria de Ligório
Timenti Dominum bene erit in extremis – “Aquele que teme o Senhor será feliz no fim” (Eclo 1, 13)
Sumário. Afiguremo-nos que presenciamos a morte de Santo Afonso. Morre todo desapegado dos bens terrestres, com perfeita paz de consciência, com certeza da glória eterna, assistido por grande número dos seus filhos espirituais, e sobretudo, consolado pela doce presença da Santíssima Virgem. Ó morte preciosa! Se desejamos uma morte semelhante à do Santo, imitemos a sua vida. Sejamos devotos de Jesus Sacramentado e de Maria Santíssima, e, à imitação do Santo, procuremos promover estas devoções também nos outros.
I. A vida do nosso santo não foi senão uma preparação contínua para a morte, e nos seus escritos pede inúmeras vezes a graça de bem morrer. Não é, pois, de admirar que Deus tenha atendido aos rogos do seu Servo e no-lo proponha hoje como modelo da morte preciosa, que será também a nossa, se soubermos imitar o Santo.
Santo Afonso morre todo desapegado dos bens terrestres, com paz perfeita de consciência e com a certeza da glória eterna. – Conforme seu desejo manifestado incessantemente vê ao redor do seu leito, não parentes interessados, mas os irmãos da sua congregação, que não têm outro interessem senão o de o ajudarem a bem morrer. Qual novo Jacó abençoa os seus filhos amados, recomenda-lhes a santa perseverança e fica inundado de consolação ao pensar que deixa atrás de si tantos operários na vinha mística do Senhor.
Durante a sua vida, Afonso sempre foi devotíssimo da Santíssima Virgem e muitas vezes lhe tinha dirigido este pedido:
“Senhora, perdoai minha audácia; antes da minha morte, vinde vós mesma consolar-me com a vossa presença; concedestes esta graça a tantos devotos vossos; também eu a quero e desejo obtê-la. Ó Maria, espero-vos; não me deixeis ficar desconsolado.”
Assim é que o Santo rogara à Virgem Maria. E esta Mãe amorosa atende agora ao pedido do seu Servo, consolando-o pela sua doce presença. O Santo, ao vê-la, regozija-se, e, com o rosto infamado, sorri-lhe docemente, fala-lhe e fica longo tempo em atitude de êxtase, tendo um antegozo do paraíso.
Entra finalmente em agonia, e, por entre as orações, as ternuras, as lágrimas de todos, como que adormecendo suavemente, exala a sua bela alma no seio de Deus. Como defensor da Igreja, morre na festa de São Pedro ad Vincula (“São Pedro acorrentado”); como amante entranhado de Marinha, numa quarta-feira, dia de São José; como grande devoto do mistério da Encarnação, ao som do Angelus. – Alegra-te com o Santo, agradece a Deus em seu nome, e põe-te debaixo da sua proteção especial. Para ganhares mais a sua benevolência, pede a Deus aumente o número de seus filhos espirituais e lhes conserve sempre o bom espírito.
II. Se desejas uma morte semelhante à de Santo Afonso, aplica-te à imitação das suas virtudes, e especialmente daquelas doze que nas Regras ele inculca tanto aos membros da sua Congregação. Imita-o sobretudo na sua devoção a Jesus Sacramentado e a Maria Santíssima, a protetora dos agonizantes, e também, à imitação do Santo, procura promover o mais possível estas devoções nos corações dos outros. – O que não se sentir com forças suficientes para imitar um modelo tão perfeito, implore a intercessão do próprio Santo Doutor.
† Ó Santo Afonso, meu glorioso e amado Protetor, que trabalhastes e sofrestes tanto para assegurar aos homens os frutos da Redenção! Vede a miséria da minha pobre alma e tende piedade de mim. pela vossa poderosa intercessão junto de Jesus e Maria, obtende-me, com um sincero arrependimento, o perdão das minhas faltas passadas, um vivo horror do pecado, e a força de resistir sempre às tentações. Comunicai-me, eu vo-lo suplico, uma faísca da ardente caridade com que foi sempre abraso o vosso coração, e fazei, que à vossa imitação, a vontade divina seja a única regra da minha vida. Obtende-me também um ardente e constante amor a Jesus Cristo, e uma terna e filial devoção a Maria, a graça de orar sem cessar, e de perseverar no serviço de Deus até à hora da minha morte, para que um dia unir-me a vós no céu, para cantar os louvores de Deus e Maria por toda a eternidade (1).
“Ó Deus, que, pelo bem-aventurado Afonso Maria, vosso confessor e pontífice, inflamado de zelo pela salvação das almas, destes novos filhos à vossa Igreja, concedei-nos, nós vo-lo pedimos, que, instruídos pelos seus salutares avisos, e fortificados pelos seus exemplos, possamos chegar felizmente a Vós” (2). Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria.
Referências:
(1) Indulgência de 200 dias (2) Or. Fest.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 343-345)
Assista ao Documentário sobre a Vida de Santo Afonso de Ligório
Hino Glorioso Santo Afonso
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Da confiança que devemos ter em Maria, como nossa Mãe
Deinde dicit discipulo: Ecce mater tua – “Depois diz ao discípulo: Eis aí tua mãe” (Jo 19, 27)
Sumário. Se Jesus Cristo é o Pai de nossas almas, porque as regenerou à vida da graça, Maria, que é a Mãe verdadeira de Jesus, deve igualmente ser chamada nossa Mãe espiritual, porque pelas suas dores cooperou para nossa redenção. Ponhamos, pois, nela a nossa confiança e sejamos quais crianças que têm sempre o nome de mãe na boca e em qualquer perigo levantam a voz e chamam sua mãe em socorro. Para sermos, porém, facilmente atendidos, imitemos as suas virtudes, especialmente as que são próprias do nosso estado.
I. Não é por acaso, nem debalde, que os devotos de Maria a chamam Mãe e parece que não sabem invocá-la com outro nome, nem se fartam de chamá-la Mãe. Mãe, sim, porque se Jesus Cristo, reconciliando-nos com Deus, se fez Pai de nossas almas, conforme a predição do Profeta: Pater futuri saeculi (1) — “Pai do século futuro”, Maria deve ser chamada e é verdadeiramente nossa Mãe espiritual.
Segundo a explicação dos Doutores, esta grande Mãe pelo seu amor gerou-nos à graça, quando consentiu em que o Verbo Eterno se fizesse seu filho, porque, no dizer de São Bernardino de Sena, ela desde então pediu a Deus com afeto imenso a nossa salvação e de tal sorte a procurou, que bem se pode dizer que desde então nos trouxe em suas entranhas como mãe amorosíssima. Pelo que Santo Ambrósio aplica à Virgem as palavras dos sagrados Cânticos: Venter tuus sicut acervus tritici, vallatus liliis (2) — “Teu seio é como um monte de trigo, cercado de açucenas”.
O tempo em que Maria nos deu à luz, foi quando (vendo o amor do Eterno Pai para com os homens, em querer seu Filho morto pela nossa salvação e o amor do Filho em querer morrer por nós), afim de conformar-se com este amor excessivo do Pai e do Filho para com o gênero humano, ela também consentiu com toda a sua vontade que seu Filho morresse e fez o doloroso sacrifício d’Ele no Calvário. — E isto quis exatamente dizer nosso Salvador, quando, antes de expirar, olhando para sua Mãe e acenando para o discípulo predileto, lhe disse: Mulier, ecce filius tuus (3) — “Mulher, eis aí teu filho”. Como se lhe dissesse: Eis aí o homem que em consequência da oferta que tu fazes de minha vida pela sua salvação, já nasce para a graça; eu te declaro sua mãe.
II. Alegrai-vos todos os que sois filhos de Maria; e que temor tendes de vos perder, quando esta Mãe vos defende e protege? Eis que ela nos chama e nos convida para junto de si: Si quis est parvulus, veniat ad me (4) — “Todo o que é pequeno, venha a mim”. — As crianças têm sempre na boca o nome da mãe; em qualquer perigo que se vejam, logo se lhes ouve levantar a voz e dizer: Mãe, Mãe! É isto exatamente o que a Virgem deseja de nós. Ela nos quer salvar, como já tem salvado tantos filhos seus; por isso quer que, quais crianças, nunca nos afastemos do seu lado e a invoquemos em todos os perigos: Todo o que é pequeno, venha a mim.
Ó minha Mãe Santíssima, como é possível que, tendo mãe tão santa, seja eu tão perverso; tendo mãe tão abrasada no amor de Deus, tenha eu de amar as criaturas; tendo mãe tão rica de virtudes, seja eu tão pobre? Ó Mãe amabilíssima, não mereço mais, é verdade, ser vosso filho; indigníssimo de tal me fiz por minha vida desregrada. Basta-me ser admitido no número de vossos servos. Sim, isto me basta; entretanto não me proibais de vos chamar também minha Mãe.
O vosso nome de Mãe me consola, enternece o meu coração, e me recorda a obrigação que tenho de vos amar. Este nome me inspira grande confiança em vós. Quando a lembrança dos meus pecados e da justiça divina me enchem de terror, sinto-me todo confortado ao pensar que sois minha Mãe. Permiti, pois, que vos diga: Minha Mãe, minha Mãe amabilíssima! Assim vos chamo e vos quero sempre chamar. Depois de Deus, vós deveis ser sempre minha esperança, meu refúgio e meu amor, enquanto estiver neste vale de lágrimas. Assim é que espero morrer, entregando, ao dar o último suspiro, a minha alma entre vossas mãos benditas, e dizendo-vos: Ó minha Mãe, ó Maria, minha Mãe, ajudai-me, tende compaixão de mim!
Referências:
(1) Is 9, 6 (2) Ct 7, 2 (3) Jo 19, 26 (4) Pv 9, 4
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 265-267)
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