Para nos prepararmos para a morte não devemos esperar pelo último momento

Para nos prepararmos para a morte não devemos esperar pelo último momento

Para nos prepararmos para a morte não devemos esperar pelo último momento

Estote parati: quia qua nescitis hora Filius hominis venturus est – “Estai preparados; porque não sabeis em que hora tem de vir o Filho do homem” (Mt 24, 44)

Sumário. Devemo-nos persuadir de que o tempo da morte não é o momento próprio para regular as contas. Que dirias de um homem que tendo de entrar em concurso para uma cadeira, quisesse instruir-se somente na hora da prova? Não seria tido por louco o comandante de uma praça que esperasse que o cercassem para fazer provisão de viveres e munições? Não seria loucura da parte de um piloto, se não se munisse de âncoras e cabos senão no momento da tempestade? Tal é todavia o procedimento de um cristão que espera que a morte chegue para por em ordem a sua consciência. I. Todos sabem que havemos de morrer, que se morre uma só vez e que não há coisa mais importante do que esta, porque do instante da morte depende o ser-se feliz ou desgraçado para sempre. Todos sabem igualmente que da boa ou da má vida depende a boa ou má morte. Como então se explica que a maior parte dos cristãos vivem como se nunca devessem morrer ou como se importasse pouco morrerem bem ou mal? Vive-se mal, porque se não pensa na morte: Memorare novissima tua et in aeternum non peccabis (1) — “Lembra-te de teus fins últimos e nunca pecarás”.

Devemo-nos persuadir de que o tempo da morte não é o momento próprio para regular as contas e por a salvo o negócio da salvação eterna. Os prudentes do mundo tomam, em tempo oportuno, para seus negócios, todas as providências para obter tal lucro, tal posto; e na saúde do corpo nunca adiam o emprego dos remédios necessários. — Que dirias de um homem que, tendo de entrar em concurso para uma cadeira, somente procurasse instruir-se no momento da prova? Não seria taxado de louco o comandante que esperasse o momento do cerco para fazer provisões de viveres e munições? Não seria loucura da parte de um piloto, se não cuidasse em munir-se de âncoras e de cabos, senão no momento da tempestade? Tal é todavia o procedimento do cristão que espera que a morte chegue, para por em ordem a sua consciência.

Quando a morte cair sobre eles como tempestade”, diz o Senhor, “então invocar-me-ão, e não os escutarei; comerão o fruto de seu caminho” — Cum interitus quasi tempestas ingruerit… tunc invocabunt me, et non exaudiam; comedent fructus viae suae (2). O tempo da morte é um tempo de perturbação e confusão: então os pecadores invocam o socorro de Deus, mas somente com o receio do inferno, em que se veem próximos a cair, sem verdadeira conversão; e por isso Deus não os atende. É justo que então só provem os frutos de sua má vida: Quae seminaverit homo, haec et metet (3) — “O homem colherá o que tiver semeado”. — Não basta receber então os sacramentos; é preciso morrer detestando o pecado e amando a Deus sobre todas as coisas. Como, porém, aborrecerá os prazeres proibidos aquele que até então os amou? Como amará a Deus sobre todas as coisas aquele que até esse momento mais tiver amado as criaturas do que Deus?

II. O Senhor chamou loucas as virgens que queriam preparar as lâmpadas quando o esposo já chegava. Todos receiam a morte súbita, porque não há tempo então para regular as contas. Todos confessam que os santos foram verdadeiros sábios, porque se prepararam para a morte antes que a morte chegasse. E nós, que fazemos? Queremos correr o perigo de nos prepararmos para bem morrer, quando a morte nos estiver já próxima? — É preciso, pois, fazer agora o que na morte quiséramos ter feito. Oh! Que angústia causa então a lembrança do tempo perdido e sobretudo do tempo mal empregado! Do tempo dado por Deus para merecer, mas que já passou e não volta mais. Que mágoa, o ouvir dizer então: Iam non poteris amplius villicare (4) — “Já não há tempo para trabalhar e merecer”.

Ah, meu Deus, se tivesse morrido em certas noites que sabeis, onde estaria atualmente? Agradeço-Vos o terdes esperado por mim; graças Vos dou por todos os instantes que deveria ter passado no inferno, desde o primeiro momento em que Vos ofendi. Ah! Fazei-me conhecer a grande injúria que Vos fiz, perdendo voluntariamente a graça que me haveis merecido com a morte na cruz! Meu Jesus! Perdoai-me; de todo o coração e sobre todos os males me arrependo de Vos ter desprezado, ó bondade infinita!

Mas o perdão não me basta; ajudai-me, ó meu Salvador, a fim de que não mais Vos perca. Ah, meu Senhor, se voltasse de novo a ofender-Vos depois de tantas luzes e graças que recebi de Vós, não mereceria um inferno criado de propósito para mim só? Não o permitais, eu Vô-lo suplico pelo sangue que derramastes por meu amor! Amo-Vos, soberano Bem, e até à morte não quero mais deixar de Vos amar. Meu Deus, pelo amor de Jesus Cristo, tende piedade de mim. — Tende também piedade de mim, ó Maria, minha esperança. Recomendai-me a Deus; as vossas recomendações nunca sofrem repulsa daquele Senhor que tanto vos ama.

Referências:

(1) Eclo 7, 40 (2) Pv 1, 27-28 et 31 (3) Gl 6, 8 (4) Lc 16, 2

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 306-308)

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