O que era a Missa para Lutero

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O que era a Missa para Lutero

O que era a Missa para Lutero

Lutero anunciava, claramente, que desejava destruir a Missa, para atingir o coração da Igreja Católica. Por exemplo:

“Quando a Missa for derrubada, penso que teremos derrubado o Papado, pois é sobre a Missa, como sobre uma rocha, que se apóia o Papado todo inteiro, com seus mosteiros, suas dioceses, suas universidades, seus altares, seus ministros e sua doutrina (...); tudo isso se esfarelará, quando se esfarelar a sua Missa sacrílega e abominável.” [249]

Lutero não admitia, todavia, que a Missa pudesse, em algum sentido, ser chamada de Sacrifício?

Lutero admitia e empregava, às vezes, o termo “sacrifício”, para designar a Missa; mas somente em um sentido muito lato (“uma coisa sagrada”). Recusava obstinadamente que a Missa fosse um Sacrifício em sentido próprio:

“O elemento principal de seu culto, a Missa, supera toda impiedade e toda abominação; dela fazem um sacrifício e uma boa obra.” [250]

O que é a Missa para Lutero então?

Para Lutero, a Missa é somente um simples memorial da Paixão. Seu objetivo é instruir os fiéis; lembrar-lhes do Sacrifício do Calvário, para provocar o ato interior de fé. Se fala de sacrifício, é unicamente no sentido de sacrifício de louvor ou de ação de graças, sem valor redentor.

O que é que Lutero recusa de modo absoluto na doutrina católica sobre a Missa?

O que Lutero recusa de modo absoluto, é que a Missa tenha um valor propiciatório ou satisfativo – isto é, que aplique, de modo atual e eficaz, a nossas almas, os frutos do Sacrifício da Cruz, e que, assim, quite a dívida que temos para com Deus, por causa de nossos pecados.

O que significam precisamente as palavras “propiciatório” e “satisfativo”?

O Sacrifício da Missa é dito propiciatório, porque torna a Deus propício em relação a nós, destruindo os motivos de cólera que pudesse ter para conosco, por causa de nossos pecados. É dito satisfativo porque satisfaz à Justiça divina, isto é, que faz o bastante (satis facere = fazer o bastante) para apaziguá-lo.

O que diz Lutero precisamente sobre esse assunto?

Lutero ensina:

“A Missa não é um sacrifício ou a ação de um sacrificador. Olhemo-la como Sacramento ou como Testamento. Chamemo-la bênção, eucaristia, ou memória do Senhor”. [251]
“O Santo Sacramento não foi instituído para que dele se faça um sacrifício expiatório (...) mas para que sirva para despertar a fé em nós, e para reconfortar as consciências; (...) a Missa não é um sacrifício oferecido para os outros, sejam vivos ou mortos, para apagar seus pecados; mas (...) uma comunhão em que padre e fiéis recebem o Sacramento, cada um para si mesmo”. [252]
“É um erro manifesto e ímpio oferecer ou aplicar a Missa aos pecados, na qualidade de satisfação, ou em favor dos defuntos (...).” [253]

Quais são as consequências litúrgicas dos erros de Lutero sobre a Missa?

Para Lutero, a “Liturgia da Palavra” deve tomar o primeiro lugar, e a comunhão, o segundo. Modificando, progressivamente, os ritos e as cerimônias tradicionais da Missa, Lutero quis incitar, pouco a pouco, os fiéis a mudarem a sua Fé. Mas aconselhou não agir muito rápido:

“Para chegar segura e felizmente ao objetivo, é preciso conservar algumas cerimônias da antiga missa para os fracos que poderiam ficar escandalizados pela mudança muito brusca.” [254].

Os protestantes impuseram, pois, voluntariamente sua nova crença de modo dissimulado, modificando, pouco a pouco, a Liturgia?

Os anglicanos, sobretudo, adotaram essa estratégia dissimulada [255]. Mas Lutero a havia anunciado de maneira muito clara:

“O padre pode muito bem arranjar-se de tal modo que o homem do povo ignore sempre a mudança operada e possa assistir à Missa, sem encontrar de que se escandalizar”. [256]

Quais mudanças Lutero introduziu na Liturgia?

Lutero combateu, sobretudo, o Ofertório – que fez desaparecer – e o Cânon – que modificou consideravelmente. Conservou o quadro geral da Missa; mas apagou, habilmente, o essencial.

No Natal de 1521, o culto luterano se apresentava assim: confiteor; intróito; kyrie; gloria; epístola; evangelho; pregação - (não havia Ofertório); sanctus; relato em língua vulgar e em voz alta da instituição da Ceia; comunhão sob as duas espécies (na mão e no cálice) sem necessidade de uma prévia confissão; Agnus Dei; Benedicamus Domino. O latim só desapareceu pouco a pouco.

O que se pode dizer do ódio com que Lutero perseguia a Missa católica?

Lutero enxergou bem um ponto: toda a vida cristã repousa sobre o Sacrifício do Calvário renovado de modo incruento sobre o altar.

Desnaturar a Missa é um dos meios mais eficazes para destruir a Igreja. Vários autores católicos destacaram que esta seria a obra do Anticristo.

Podeis citar algum desses autores?

Santo Afonso de Ligório advertiu gravemente:

“A Missa é o que há de mais belo e de melhor na Igreja (...) Também o demônio sempre procurou, por meio dos hereges, privar o mundo de Missa, fazendo-lhes precursores do Anticristo.” [257]

Dom Guéranger previne do mesmo modo:

“Se o Sacrifício da Missa se apagasse, não tardaríamos a recair no estado depravado em que se achavam os povos manchados pelo paganismo, e essa será a obra do Anticristo. Tentará todos os meios para impedir a celebração da Santa Missa, para que esse grande contrapeso seja abatido, e que Deus ponha fim, então, a todas as coisas, não tendo mais motivo para as fazer subsistirem.” [258]

A Sagrada Escritura anuncia que o Anticristo combaterá o Sacrifício da Missa?

O profeta Daniel anunciou, sobre o tema do Anticristo:

“O poder lhe será dado contra o Sacrifício perpétuo por causa dos pecados” [259]

O ensinamento da Igreja sobre o Sacrifício da Missa diminui a importância do Sacrifício do Calvário?

O Sacrifício da Missa não diminui de nenhum modo a importância do Sacrifício da Cruz, pois depende totalmente deste e funda neste toda a sua eficácia. Todo seu valor consiste em torná-lo presente, comemorando-o, e, em aplicar, aos homens, as Graças que Cristo lhes mereceu sobre a Cruz.

Quem acusou o sacrifício da Missa de diminuir a importância do Sacrifício da Cruz?

Os protestantes acusaram o Sacrifício da Missa de ser um ultraje ao Sacrifício da Cruz. Segundo eles, os católicos acham que o Sacrifício da Cruz não bastou para a salvação da humanidade e que se tem, pois, necessidade permanente de outro sacrifício.

O que é preciso responder a essas acusações protestantes?

Os protestantes desconhecem totalmente o ensinamento da Igreja. Cristo mereceu sobre a Cruz todas as Graças necessárias para a Salvação de todos os homens de todos os tempos. [260]

O Sacrifício da Missa não é um outro Sacrifício que o da Cruz; mas o mesmo Sacrifício, tornado presente a todos os cristãos.

Seu papel não é o de adquirir novas Graças; mas o de aplicar, aos homens, as Graças já merecidas sobre a Cruz.

Por que há assim necessidade do Sacrifício da Missa para nos aplicar as Graças merecidas sobre a Cruz?

Segundo a vontade de Cristo, a dispensação dos frutos da Redenção não é automática; mas está ligada aos Sacramentos:

“Aquele que crer e for batizado, será salvo” (Mc 16,16);
“Se não comerdes a Carne do Filho do Homem, e não beberem o Seu Sangue, não tereis, mesmo, a vida em vós mesmos” (Jo 6, 53).

Mas por que um Sacrifício é necessário para essa dispensação de frutos da Redenção?

A vida cristã é uma participação na vida de Cristo. Ora, Ele Se encarnou para poder oferecer em Sua Pessoa, e, em nosso nome, um Sacrifício perfeito a Seu Pai.

O essencial da nossa vida cristã deve ser nos unirmos a esse Sacrifício de Cristo, conforme a palavra de São Paulo:

“Termino, em minha própria carne, o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo Seu Corpo, que é a Igreja” (Cl 1, 24).

Na Missa, a Igreja, o sacerdote e os fiéis unem continuamente sua vida ao Sacrifício de Cristo; dão-se a Ele; Nele procuram as Graças para se darem sempre mais.

Notas:

[249] Lutero, em Contra Henricum regem Angliae (1522) (t. X, p.220).

[250] Lutero, em De votis monasticis judicium (1521) (t. VIII, p.651).

[251] Lutero, Sermão do Primeiro Domingo do Advento (t. XI, p.774).

[252] Confissão de Augsburgo de Melanchton (1530; confissão de fé, quase oficial dos luteranos), art.24: Da Missa.

[253] Lutero, De captivitate Babylonica (1520) (t. VI, p.521).

[254] Lutero, t. XII, p.212.

[255] Ver a obra La Réforme liturgique anglicane de Michael Davies (Étampes, Clovis, 2004). O primeiro Prayer Book (1549) suprime o ofertório, modifica o Cânon e adota a versão luterana do relato da Instituição: o sacrifício propiciatório é silenciado; mas não é negado explicitamente. Foi apenas uma primeira etapa: desde que foi adotado por toda parte, um segundo Prayer Book foi publicado (1552) que se aproximava muito mais da Ceia calvinista.

[256] Lutero, citado por Jacques Maritain, Trois Réformateurs, Paris, 1925, p.247.

[257] Oeuvres Du B. Alphonse de Liguori, Avignon, Seguin, 1827, p.182.

[258] Dom Prosper Guéranger, Explication de La Sainte Messe, Paris, 1906, p.107.

[259] Dn 8, 2.

[260] “Cristo entrou uma vez por todas no Santuário, não com sangue de carneiros ou novilhos; mas com Seu próprio Sangue, tendo-nos adquirido uma Redenção eterna” (Hb 9, 12)

Catecismo Católico da Crise na Igreja. Pe. Mathias Gaudron.

Notas da imagem:

Arcebispo Bergoglio celebrando a missa nova.

Os cardeais Ottaviani e Bacci puderam então afirmar a Paulo VI: “Quiseram passar uma esponja em toda a teologia da Missa. Terminou como algo muito próximo da teologia protestante que destruiu o sacrifício da Missa” (Breve exame crítico, op. cit., p. 5.). Encontramos as mesmas omissões e deslizes nos textos do concílio Vaticano II. Contentar-nos-emos em dar suas referências para não sobrecarregar inutilmente nossa análise. (Lumen gentium 28.1; Sacrosanctum Concilium 47, 102.1,106.)

Para o catolicismo, Cristo é ao mesmo tempo o altar, o sacrifício e o sacerdote. Ele é a vítima, porque Ele é o cordeiro que vai ser imolado, Ele mesmo é o sacerdote que imola a vítima, porque Ele se oferece, e Ele é o altar, porque o sacrifício é feito no seu próprio Corpo. Por isso, o altar significa também Jesus Cristo, é por isso que temos uma veneração ao altar.

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